SONHOS, LIBERTAÇÃO E DOR


Por que podem nossos sonhos fazerem-se em dor
Tal aberta ferida por onde jorram lembranças
Que perigosos rios navegam de certa imaginação
Ver o que guarda a jovem vida no velho corpo vivo
A abrir baús de esquecidas palavras ditas
E açoites de arrependimentos a sangrar a pele nua
A descer incessante gota salgada em face de pranto
Correntes a aprisionar vontades e desejos
Opiniões caladas em mordaças de vontades outras
Se todo amor prisioneiro de si mesmo é
Em choro calado que ver não se vê
Em grito que se faz silencio na escura noite da solidão
Adaga que feridas abrem e tampouco fechar podem
E faces que pela vida se sorriem
De rostos lembrados e olhares marcados em cicatriz
A sangrar vidas se vivem em anos vindouros
De quando um primeiro amor será eterno machucado
E por toda vida se fara presente em ausência
Que não se vivera encontros e sim despedidas
E o adeus se fará lei que quebrada nunca é
Dizei-me da formula de apagar um querer latente
Dizei-me da maneira de minha pele não desejar outra
O arrepio delator a me fazer enrubescido e fraco
Proteger-me da alegria frágil do matar de saudades
Fazei-me crer que sorrir posso e alivio terei
Que a noite em estrelas feita é amiga e não prisão
Que o sol enfim reine onde a treva ceifa a fé
E uma saudade trara um sorriso e não lagrimas sem fim...

©Rubens Garcia 2017

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